Conheça o projeto das novas estações-tubo de Curitiba ♿
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Criador das
estruturas que viraram ícone da cidade na década de 1990, Abrão Assad é autor
da proposta para uma nova versão.
Ícones da cidade, as estações-tubo ajudaram a
formar a identidade de Curitiba. Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo
por Mariana Domakoski*
04/05/2017
As estações-tubo de Curitiba vão ganhar
novos ares, com mudanças que vão
proporcionar mais conforto a cobradores e passageiros, além de promoverem
economia energética desses equipamentos urbanos. Pelo menos é o que propõe o projeto de revitalização de autoria do arquiteto Abrão Assad, que também é o criador das estruturas inauguradas em 1989 e que
viraram ícone da capital paranaense a partir da década de 1990. Assad,
inclusive, reconhece que já era hora de fazer reajustes nas estruturas. “Na
época do lançamento, usamos a tecnologia que existia. Hoje, identificamos
necessidades e problemas e temos muito mais possibilidades disponíveis”, afirma
ele.
O projeto encontra-se agora em avaliação na Urbs, em fase de captação
de recursos para a produção de um protótipo completo. De
acordo com a entidade, os testes com o protótipo darão as informações
necessárias para uma posterior busca por financiamento para
aplicação. Ainda não há previsão de quando ele será construído, mas o
local de instalação já está definido: a estação Vila
São Pedro, na Rua Primeiro de Maio, no Xaxim. “Por ali passam muitas pessoas
todos os dias e há bastante incidência de sol”, explica a
arquiteta Olga Mara Prestes, gestora de projetos
da URBS.
Os recursos para o desenvolvimento do projeto vieram do Banco Mundial, graças a uma iniciativa da organização para
promover a sustentabilidade e a qualidade do ar. A Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) recebeu
o aporte de cerca de R$ 5 milhões e contratou, por meio de seleção com base em
critérios do Banco Mundial, uma série de obras e projetos na cidade, entre eles
o de revitalização das estações-tubo. Quem venceu a seleção para propor
mudanças nas estruturas foi o arquiteto Abrão Assad. “A escolha de focar
em projeto de melhoria para as estações-tubo foi da Prefeitura de Curitiba por
meio do Ippuc e da URBS”, relata Marcos Bicalho, que coordenou o programa do
Banco Mundial na ANTP.
Nova versão
Entre os pedidos do município, de acordo com Olga, estava a manutenção das estruturas das estações-tubo. “Havia muitos
pedidos para sua substituição, mas o que seria feito com as mais de 360
existentes hoje na cidade? Por isso, queríamos um projeto que as preservasse”.
Assad concorda e, inclusive, defende a manutenção por uma questão de identidade da cidade. “As estações-tubo foram feitas para Curitiba,
levando em consideração sua paisagem. Elas já fazem parte dessa paisagem”,
afirma.
Assad defende a preservação da estética original das estações-tubo
porque elas fazem parte da paisagem urbana de Curitiba, ajudando a definir a
identidade da cidade. Foto: Arquivo/Gazeta do Povo
Até mesmo o aumento do tamanho, pedido por usuários
e funcionários, é rebatido por Assad,
também pelo motivo de concordância com a paisagem. “Eles foram
feitos de forma a não brigar com o entorno, de serem harmônicos. Não podem ser
maiores. Além disso, são lugares de passagem dos usuários, o que também retira
a necessidade de bancos. O que evita a superlotação não é o tamanho da estação,
e sim a eficiência do transporte, a quantidade de ônibus”, defende.
Levando tudo isso em conta, Assad prevê poucas alterações na estética, com um alargamento dos anéis da
estrutura e algumas mudanças na área de permanência dos cobradores. Para dar
mais conforto a eles, criou uma cabine com um sistema
próprio de iluminação e toda envolta em vidro, que irá protegê-los das
intempéries e da incidência direta de raios solares.
Entre as maiores mudanças, está a instalação de uma cabine para os
cobradores, que os protege das intempéries e os deixa mais seguros. Imagem:
Arquivo/Abrão Assad
Um banheiro também está nos
planos, mas ele será instalado à parte, como um equipamento
independente, para evitar que passageiros queiram usá-lo. Além de banheiro, a
estrutura também vai acomodar produtos de limpeza e suas paredes externas
servirão para apoiar mapas e informações sobre as linhas de ônibus.
A catraca convencional e a porta de entrada para cadeirantes serão
substituídas por um único acesso, composto de uma porta abre e fecha de
vidro. “Além de melhorar o visual, ela também vai permitir que a estação seja
fechada quando não estiver em uso, aumentando a segurança”, aponta Assad.
A catraca
convencional e a entrada para cadeirantes darão lugar a um único acesso, em
vidro. Imagem: Arquivo/Abrão Assad
Para melhorar o conforto térmico dentro das estações, uma manta
térmica feita com garrafas pet recicladas seria instalada no forro.
Para diminuir os custos com energia elétrica, uma película fotovoltaica flexível passaria
a compor o teto e um espelho d’água seria instalado ao redor, como
elemento paisagístico e de reaproveitamento de água durante a limpeza do local.
Com o objetivo de facilitar a manutenção, toda a estrutura
metálica seria transferida
para a parte externa. “Isso melhora o funcionamento das
portas, porque não haveria obstáculos”, explica Assad. Além disso, evitaria infiltrações durante a limpeza, já que não
haveria mais remendas. Baterias e toda a estrutura de funcionamento, que hoje
ficam na parte de baixo externa, passariam a ficar dentro do tubo, acima da
porta, evitando que ficassem vulneráveis a intempéries e a roubos.
O fato de as estruturas estarem por dentro dos tubos faz com que haja
infiltrações, já que remendos são necessários. No projeto de Assad, os anéis estruturais
passariam a ficar por fora. Foto: Arquivo/Gazeta do Povo
Imagem que mostra todas as alterações propostas por Assad. Entre as de
maior destaque, estão a cabine para cobrador, a nova porta de acesso, os anéis
por fora, a manta térmica e as células fotovoltaicas. Imagem: Arquivo/Abrão
Assad
Nesta imagem, Assad mostra como ficaria a nova versão da estação-tubo
aplicada à paisagem real de Curitiba. Neste caso, na Travessa Nestor de Castro,
no centro da cidade. Imagem: Arquivo/Abrão Assad
Aplicação imediata
Algumas das propostas de Assad podem ser aplicadas imediatamente, conforme explica Olga, porque não demandam muitos recursos. Uma delas
é a manta térmica. Outra é a
instalação da película fotovoltaica flexível. Uma terceira seria
a colocação de telas metálicas em determinadas
partes do tubo para promover a ventilação. “Há intenção de ir inserindo essas
mudanças na rotina de manutenção das estações. Por exemplo, se quebrar uma
chapa de vidro, já vamos substituí-la pela tela metálica, para fazer o teste,
em vez de usar outra de vidro”, frisa.
*Especial
para a HAUS.