Distrofia muscular ♿
Distrofia muscular: sintomas, tratamentos e causas.
v visão geral
O que é Distrofia
muscular?
Sinônimos: miopatia
hereditária, md
Distrofia muscular
se refere ao grupo de doenças genéticas nas quais os músculos que controlam o
movimento enfraquecem progressivamente. No geral, apenas os músculos de
movimentos voluntários são afetados, mas algumas formas dessa doença também
podem atingir o coração e outros órgãos de movimentos involuntários.
Há nove principais
formas de distrofia muscular:
- Miotônica
- Duchenne
- Becker
- Distrofia muscular do tipo
cinturas (Erb)
- Distrofia muscular
facio-escapulo-umeral
- Congênita
- Distrofia muscular óculo
faríngea
- Distrofia muscular distal
- Emery-Dreifuss
A distrofia
muscular pode aparecer em qualquer idade, sendo que a forma e gravidade da
doença são determinadas pela época da vida em que aparecem. Algumas pessoas com
distrofia muscular vivem de forma normal, com os sintomas se desenvolvendo
muito lentamente. Outras podem sentir fraqueza muscular rápida
e severa, o que pode ser muito debilitante.
Segundo a
Associação Brasileira de Distrofia Muscular, a doença é uma das alterações
genéticas mais comuns em todo o mundo. De cada 2.000 nascidos vivos, um é
portador de algum tipo de distrofia muscular. Essa incidência supera a de
doenças como o câncer infantil,
que é de aproximadamente um para 4.500 nascidos, de acordo com o Inca –
Instituto Nacional de Câncer.
Tipos
Distrofia muscular
miotônica
Conhecida também
como doença de Steinert, essa é a forma mais comum de distrofia muscular em
adultos, afetando um em cada 8.000 a 10.000 nascimentos de ambos os sexos, de
acordo com a Associação Brasileira de Distrofia Muscular (ABDIM). O nome
refere-se a um sintoma chamado miotomia, que é um prolongado espasmo ou
enrijecimento dos músculos após o uso. Este sintoma é geralmente pior em
temperaturas frias. A doença provoca fraqueza muscular e
também afeta o sistema nervoso central, coração, trato gastrointestinal, olhos
e glândulas produtoras de hormônios.
Distrofia muscular de Duchenne
Essa é a forma mais
comum de distrofia muscular em crianças e afeta apenas pessoas nascidas com
cromossomo Y. Dados da ABDIM apontam que a Duchene afeta um em cada 3.500
nascimentos. Ela aparece entre as idades de dois e seis anos. Os músculos
diminuem de tamanho e crescem mais lentamente com o passar dos anos, ficando
enfraquecidos. A progressão da doença é variável, mas muitas pessoas com
Duchenne precisam de uma cadeira de rodas até a adolescência. Problemas
respiratórios e cardíacos graves marcam os estágios mais avançados da doença.
Distrofia muscular de Becker
Acometendo um em
cada 30.000 nascimentos masculinos, a distrofia muscular de Becker é semelhante
à distrofia Duchenne, afetando apenas pessoas com cromossomo Y. Mais suave que
a distrofia de Duchenne, os sintomas aparecem mais tarde e progridem mais
lentamente. É comum a doença se manifestar entre os dois e 16 anos, mas pode
ser que ocorra mais tardiamente. A gravidade da doença varia e as complicações
mais comuns são cardíacas.
Distrofia muscular do tipo cinturas
A distrofia
muscular do tipo cinturas é mais comum a partir da adolescência e na fase
adulta, acometendo homens e mulheres. A incidência da doença, segundo a ABDIM,
gira em torno de um caso para cada 10.000 a 20.000 nascimentos de ambos os
sexos. Na sua forma mais comum, a distrofia muscular do tipo cinturas causa uma
fraqueza progressiva que se inicia nos quadris e move-se para os ombros, braços
e pernas.
Distrofia muscular
facio-escapulo-umeral
Esse tipo de
distrofia muscular afeta um em 20.000 nascimentos de ambos os sexos e refere-se
aos músculos que movem o rosto, ombro e ossos do braço. Esta forma de distrofia
muscular aparece na adolescência e início da idade adulta, afetando homens e
mulheres. Ela progride lentamente, causando dificuldade para andar, mastigar,
deglutir e falar. Cerca de 50% das pessoas com Distrofia muscular
facio-escapulo-umeral consegue continuar caminhando normalmente, e a maioria
vive uma vida normal.
Distrofia muscular congênita
Distrofia muscular
congênita é aquela que está presente desde o nascimento. Ela causa fraqueza
muscular durante os primeiros meses de vida, podendo causar convulsões e
anormalidades neurológicas. No entanto, a distrofia muscular congênita tem
desenvolvimento lento e não afeta drasticamente a vida dos portadores.
Distrofia muscular óculo faríngea
Óculo faríngea
significa olhos e garganta. Portanto, essa distrofia muscular pode causar
dificuldade para engolir e fraqueza nos músculos da face. Afetando
principalmente homens e mulheres acima dos 40 anos, a distrofia muscular óculo
faríngea pode afetar também os músculos pélvicos e do ombro conforme progride.
Em casos graves, podem ocorrer pneumonias e
até mesmo asfixia.
Distrofia muscular distal
Este grupo de
doenças raras afeta homens e mulheres na fase adulta. A distrofia muscular
distal provoca fraqueza e atrofia dos músculos conhecidos como ditais, como
antebraços, mãos, pernas e pés. Geralmente, a distrofia muscular distal
progride lentamente e afeta menos músculos do que outras formas de distrofia
muscular.
Distrofia muscular de Emery-Dreifuss
Distrofia muscular
de Emery-Dreifuss é uma forma rara de distrofia muscular, que aparece desde a
infância até o início da adolescência, afetando apenas os homens. Ela provoca
fraqueza muscular nos ombros, braços e pernas. A fraqueza pode se espalhar para
o peito e os músculos pélvicos. A doença progride lentamente e provoca fraqueza
muscular menos grave do que algumas outras formas de distrofia muscular, com
risco de complicações cardíacas.
Causas
Centenas de genes
estão envolvidos na produção de proteínas que protegem as fibras musculares de
danos. A distrofia muscular ocorre quando um desses genes está com defeito.
Cada forma de distrofia muscular é causada por uma mutação genética específica.
Muitas destas mutações são herdadas, mas algumas podem ocorrer espontaneamente
no óvulo da mãe ou no embrião em desenvolvimento.
Fatores de risco
Apesar de a
distrofia muscular ocorrer em ambos os sexos, em todas as idades e raças, as
formas mais comuns da doença acometem apenas pessoas com o cromossomo Y.
Pacientes que têm uma história familiar de distrofia muscular estão em maior
risco de desenvolver a doença ou passá-la para os seus filhos e filhas.
v sintomas
Sintomas de
Distrofia muscular
Fraqueza muscular
progressiva é a principal característica de distrofia muscular. Cada forma
separada de distrofia muscular, no entanto, pode variar um pouco o local dos
sintomas:
Distrofia muscular de Duchenne
Os sinais e
sintomas geralmente surgem quando a criança começa a andar e podem incluir:
- Quedas frequentes
- Dificuldade de se levantar
de uma posição deitada ou sentada
- Problemas para correr e
pular
- Andar gingado
- Músculos da panturrilha
maiores que o normal
- Dificuldades
de aprendizagem.
Distrofia muscular de Becker
Esta variedade tem
sinais e sintomas semelhantes à distrofia muscular de Duchenne, mas eles são
mais leves e progridem mais lentamente. O início dos sintomas é geralmente na
adolescência, mas pode não ocorrer até meados dos 20 anos ou mesmo mais tarde.
Outros tipos de distrofia muscular
- Distrofia muscular
Miotônica: apresenta uma incapacidade de relaxar os músculos à vontade. Na
maioria das vezes começa no início da idade adulta. Músculos da face são
geralmente os primeiros afetados.
- Distrofia muscular tipo
cinturas: os músculos do quadril e ombro são geralmente os primeiros
afetados neste tipo de distrofia muscular. Em alguns casos, torna-se
difícil para levantar a parte frontal do pé. Os sinais e sintomas podem
começar desde a infância até a idade adulta.
- Distrofia muscular
congênita: é evidente no nascimento ou até os dois anos de idade. Algumas
formas progridem mais lentamente e causam apenas incapacidade leve,
enquanto outras avançam rapidamente e causam prejuízos graves.
- Distrofia muscular
facio-escapulo-umeral: um dos sinais mais marcantes é que as omoplatas
podem ficar para fora, como asas, quando a pessoa levanta seus braços. O
início geralmente ocorre em adolescentes ou adultos jovens.
- Distrofia muscular óculo
faríngea: o primeiro sinal é a queda das pálpebras. A fraqueza dos
músculos dos olhos, face e garganta muitas vezes resulta em dificuldades
de deglutição. Os sinais e sintomas aparecem pela primeira vez na idade
adulta, geralmente entre 40 e 50 anos.
v diagnóstico e exames
Buscando ajuda
médica
Marque uma consulta
médica se você ou seu filho apresentar sinais de fraqueza muscular -
como dificuldade para caminhar ou deglutir.
Na consulta médica
Especialistas que
podem diagnosticar e acompanhar a distrofia muscular são:
- Genética médica
- Fisioterapeuta
- Fisiatra
- Pediatra
- Terapeuta ocupacional
Estar preparado
para a consulta pode facilitar o diagnóstico e otimizar o tempo. Dessa forma,
você já pode chegar à consulta com algumas informações:
- Uma lista com todos os
sintomas e há quanto tempo eles apareceram
- Histórico médico, incluindo
outras condições que o paciente tenha e medicamentos ou suplementos que
ele tome com regularidade
- Se possível, peça para uma
pessoa te acompanhar
O médico
provavelmente fará uma série de perguntas, tais como:
- Quais são os sintomas?
- Quando os sintomas
começaram?
- Algum membro da família
possui distrofia muscular?
- Você planeja ter um ou mais
filhos?
Também é importante
levar suas dúvidas para a consulta por escrito, começando pela mais importante.
Isso garante que você conseguirá respostas para todas as perguntas relevantes
antes da consulta acabar. Para distrofia muscular, algumas perguntas básicas incluem:
- Qual é a causa provável dos
sintomas?
- Quais as outras possíveis
causas?
- Quais exames são
necessários?
- Quais as complicações
possíveis dessa condição?
- Como é o tratamento?
- Quais mudanças precisam ser
feitas para evitar complicações?
Não hesite em fazer
outras perguntas, caso elas ocorram no momento da consulta.
Diagnóstico de
Distrofia muscular
O diagnóstico das
distrofias musculares se dá a partir dos seguintes procedimentos:
- Dosagem de
creatinofosfoquinase (DK), normalmente elevada na distrofia muscular
- Estudo molecular do DNA,
buscando alterações genéticas que justifiquem a distrofia muscular
- Biópsia muscular: retira-se
uma amostra do músculo a fim de identificar quais proteínas estão faltando
ou possuem mutações. Isso ajuda a diferenciar as distrofias musculares
- Estudo do RNA: caso haja
dificuldade em encontrar a mutação genética responsável pela distrofia,
pode-se fazer o teste da proteína truncada (PTT), que utiliza o RNA
extraído dos linfócitos do sangue.
v tratamento e cuidados
Tratamento de
Distrofia muscular
Não há duas pessoas
com distrofia muscular exatamente iguais. Portanto, os tratamentos serão
diferentes a depender do caso e tipo de doença. É importante ter profissionais
de saúde disponíveis para ajudar no tratamento e acompanhar o paciente. Estes
profissionais de saúde podem incluir:
- Neurologistas ou
neuropediatras
- Especialistas em
reabilitação
- Geneticistas clínicos
- Pediatras
O principal cuidado
no tratamento da distrofia muscular é preservar os músculos e monitorar o
andamento da fraqueza muscular.
Os problemas causados pela fraqueza muscular podem incluir dificuldade em
aprender a engatinhar e andar, dificuldade para se levantar do chão,
dificuldades para subir escadas, dificuldade
de deglutição e quedas frequentes.
Check-ups médicos
regulares são importantes para medir o quão bem os músculos estão trabalhando e
descobrir se são necessários tratamentos. Os tratamentos podem incluir:
- Medicamentos esteroides
- Alongamento e outros
exercícios específicos para pessoas com distrofia muscular
- Dispositivos de apoio
- Cirurgia
Medicamentos esteroides
Podem ser usados
diferentes tipos de medicamentos esteroides para ajudar a manter a força
muscular. Essas medicações são as únicas formas de tratamento que podem
retardar o dano muscular. Os esteroides podem ter efeitos secundários graves,
por isso, é importante que as pessoas com distrofia muscular sejam acompanhadas
de perto, principalmente antes de uma cirurgia ou caso sofram algum ferimento e
infecção.
Terapias
Vários tipos
diferentes de terapias e apoios podem melhorar a qualidade de vida das pessoas
com distrofia muscular. Veja:
- Fisioterapia: a distrofia
muscular pode restringir a flexibilidade e mobilidade das articulações,
que podem se deformar. Na fisioterapia são realizados exercícios de
amplitude de movimento para manter as articulações felixíveis tanto quanto
possível.
- Dispositivos para ajudar na
mobilidade: suspensórios pode fornecer suporte para os músculos
enfraquecidos e ajudar a manter os músculos e tendões esticados e
flexíveis. Outros dispositivos como bengalas, andadores e cadeiras de
rodas podem ajudar a manter a mobilidade e independência.
- Respiração: como os músculos
respiratórios enfraquecem, podem ser usados BiPAPs (aparelhos
não-invasivos de respiração artificial) para melhorar a oferta de oxigênio
durante a noite. Esses aparelhos são utilizados para tratar apneia
do sono. Algumas pessoas com distrofia muscular grave podem
necessitar da ajuda constante de uma máquina para respirar.
Procedimentos cirúrgicos e outros
- Cirurgia de tendão pode
afrouxar as articulações desenhadas para dentro por contraturas
- Uma cirurgia também pode ser
necessária para corrigir uma curvatura lateral da coluna vertebral (escoliose)
que pode tornar a respiração mais difícil
- Algumas pessoas que têm
problemas cardíacos relacionados com distrofia muscular podem ser tratados
com a inserção de um marca-passo
v convivendo
(prognóstico)
Convivendo/
Prognóstico
Saúde emocional e
mental
Os medicamentos ou
mesmo a própria doença podem causar efeitos colaterais emocionais e mentais,
que devem ser abordadas por profissionais da psicologia ou psiquiatra. O
tratamento tem como objetivo:
- Incentivar independência e
participação na tomada de decisões
- Receber ajuda no
desenvolvimento de habilidades sociais e de aprendizagem
- Psicoterapia, como a terapia
individual ou familiar
- Uso de medicamentos quando
necessário
As pessoas com
distrofia muscular também podem desfrutar de atividades que dão prazer e até
mesmo se envolver em grupos de outros pacientes com a mesma condição.
Cuidando da saúde óssea
A fraqueza
muscular, a falta de movimento e os medicamentos esteroides podem deixar os
ossos mais fracos em pessoas com distrofia muscular. Problemas ósseos podem
incluir escoliose, ossos mais fracos e finos e risco aumentado para fraturas
nas pernas e coluna vertebral. Podem ser necessários exercícios para manter a
saúde óssea e da coluna, bem como prescrever medicamentos e vitaminas.
Prevenindo problemas no coração
Alguns tipos de
distrofia muscular podem afetar os músculos do coração, que ficam mais fracos
com o passar do tempo. Isso pode causar insuficiência
cardíaca ou arritmia.
Pessoas com distrofia muscular devem ter o coração verificado regularmente.
Medicamentos podem ser prescritos para prevenir ou tratar problemas cardíacos.
Digestão e nutrição
A distrofia
muscular também pode afetar os músculos responsáveis por mastigar e deglutir os
alimentos. Nesses casos, pacientes podem ter dificuldade para se alimentar e
ingerir todos os nutrientes necessários. Pode surgir complicações como baixo peso, sobrepeso, azia e constipação.
Nutricionistas ou profissionais em nutrologia podem acompanhar os pacientes a
fim de montar uma dieta adequada. Para casos graves, pode ser necessário usar
um tubo de alimentação.
Vacinação
Também é importante
que as pessoas com distrofia muscular sejam vacinadas para doenças
respiratórias como gripe e pneumonia, uma
vez que a função pulmonar prejudicada atrapalhe na prevenção e combate dessas
doenças.
Complicações
possíveis
Alguns tipos de
distrofia muscular encurtar a vida da pessoa, muitas vezes afetando os músculos
associados à respiração. Mesmo com assistência respiratória mecânica melhorada,
as pessoas que têm distrofia muscular de geralmente sofrem com insuficiência
respiratória antes de atingir 40 anos.
Muitos tipos de
distrofia muscular também diminuem a eficiência do músculo cardíaco, aumentando
o risco de insuficiência cardíaca e arritmias. Se os músculos envolvidos com a
deglutição são afetados, problemas nutricionais podem se desenvolver.
Conforme a fraqueza
muscular progride, a mobilidade torna-se um problema. Muitas pessoas com
distrofia muscular necessitam de cadeira de rodas. A falta de uso dos músculos
pode resultar, por sua vez, em contraturas musculares.
As contraturas
musculares podem desempenhar um papel no desenvolvimento de escoliose, uma
curvatura lateral da coluna vertebral que reduz ainda mais a eficiência do
pulmão em pessoas que têm distrofia muscular.
Expectativas
Nos últimos anos, a
expectativa de vida dos pacientes em países desenvolvidos passou de 20 a 25
anos para mais de 35 anos. Já os afetados pelas formas mais brandas de
distrofia podem ter uma vida praticamente normal se diagnosticados precocemente
e tratados adequadamente.
Apesar das
limitações físicas, a maioria dos afetados pelas distrofias musculares tem
preservada sua capacidade intelectual.
v prevenção
Prevenção
Não é possível
prevenir a distrofia muscular, uma vez que depende de uma mutação genética que
não pode ser controlada ou impedida.
v perguntas sobre
distrofia muscular
v fontes e referências
- Associação Brasileira de
Distrofia Muscular
- Centro de Controle e
Prevenção de Doenças
- Associação Americana de
Distrofia Muscular